Clínica Veterinária de Mangualde
Dr.
Benigno Rodrigues
Dra. Sandra
Oliveira
PARTE I – As principais
zoonoses transmitidas pelo cão e gato
- RAIVA
A Raiva foi reconhecida por volta dos anos 2300 A.
C. É uma doença muito grave e fatal, causada pelo vírus: Lyssavirus, que afecta todos os animais mamíferos, incluindo os
seres humanos. Por cada ano que passa esta doença mata mais de 50
000 pessoas e milhões de animais em todo o mundo. A raiva é endémica na América
Central e do Sul, Ásia e África.
A saliva constitui a sua principal forma de transmissão. Os animais domésticos infectam-se em situações de mordeduras, e menos comum, em arranhões e lambidelas, de animais raivosos. O vírus entra no organismo através do contacto da saliva com ferimentos da pele ou mucosas.
A transmissão ao Homem ocorre geralmente através da mordedura de animais infectados como por exemplo cães, gatos, morcegos, etc.
Esta doença que afecta o sistema nervoso central passa
por várias fases. Há uma fase excitativa em que o cão tem alterações de humor,
torna-se agressivo, auto mutila-se e saliva muito, e depois uma fase paralítica
em que o animal desenvolve uma paralisia progressiva, incapaz de comer, beber, acabando
por morrer.A saliva constitui a sua principal forma de transmissão. Os animais domésticos infectam-se em situações de mordeduras, e menos comum, em arranhões e lambidelas, de animais raivosos. O vírus entra no organismo através do contacto da saliva com ferimentos da pele ou mucosas.
A transmissão ao Homem ocorre geralmente através da mordedura de animais infectados como por exemplo cães, gatos, morcegos, etc.
Desde 1960 que Portugal está sem registos de casos
de Raiva. Tal feito deve-se à campanha de vacinação anti-rábica do Programa
Nacional de Luta e Vigilância Epidemiológica da Raiva Animal e outras Zoonoses
que obriga à vacinação de todos os cães com mais de 3 meses de idade e aos gatos
que participem em concursos/exposições.
Contudo, a Raiva não deixa de ser uma ameaça
constante porque há a possibilidade de existência do vírus devido à migração de
mamíferos contaminados, quer domésticos, quer selvagens. Não há controlo dos
animais selvagens e as fronteiras com países onde a raiva é ainda um problema
como o caso do Brasil, Angola estão abertas. Os portugueses podem ficar expostos
quando viajam para países onde a raiva é endémica e quando se introduz em
Portugal, de forma ilegal, animais provenientes de regiões afectadas.
A prevenção
é muito importante. Como fazer?
Vacine os
seus animais de companhia contra a raiva (inclusive os gatos), cumpra as regras de circulação de cães e gatos
entre países da União Europeia e fora dela, e evite mordeduras.
Esta doença não tem cura e leva à morte. Todos os
animais que tenham entrado em contacto com um animal suspeito de raiva têm de ficar em
quarentena. Em qualquer suspeita, o médico veterinário deve ser informado.
- DERMATOFITOSE/ TINHA
É transmitida facilmente por contacto directo com
um animal infectado. A transmissão directa de cães e gatos ocorre em cerca de
30% dos casos de tinha nos humanos.
Aconselha-se a que os proprietários de animais afectados lavem muito bem as mãos após manipulação do cão ou gato e que não permitam que as crianças brinquem com o animal até estar tratado.
Aconselha-se a que os proprietários de animais afectados lavem muito bem as mãos após manipulação do cão ou gato e que não permitam que as crianças brinquem com o animal até estar tratado.
No caso de o seu animal apresentar algum problema
de pele (por exemplo: peladas redondas) deve consultar o Médico Veterinário
para que se faça um diagnóstico correcto e se inicie o tratamento o quanto
antes. Esta doença demora muito tempo a controlar-se.
- SARNA
A sarna
sarcóptica ou escabiose canina, causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, é altamente contagiosa para outros cães e para o
Homem. Nos gatos o tipo de sarna contagiosa para o Homem é a sarna notoédrica causada pelo Notoedres cati.
A transmissão para outros animais e Homem é feita
através do contacto directo com um animal infectado ou com o seu ambiente
envolvente.
A sarna sarcóptica provoca intenso prurido, eritema
(pele avermelhada), queda de pelo, crostas na pele e escoriações. As áreas mais
afectadas são a cabeça, a ponta das orelhas, ao redor dos olhos, abdómen,
cotovelos, podendo evoluir para qualquer região do corpo se não for tratada. A
sarna notoédrica é muito mais rara que a sarna sarcóptica e atinge
preferencialmente a cabeça do animal causando crostas secas e muito prurido.
No Homem a sarna devida a contacto com animais com
sarna, apresenta um quadro clínico muito menos grave.
A Queiletielose
ou sarna causada pelo ácaro Cheyletiella,
conhecida como “caspa ambulante” é também uma zoonose altamente contagiosa.
É o tipo de sarna menos severo em cães e gatos. A transmissão ocorre por contacto físico frequente
e directo da pessoa com o animal infectado, com o ambiente ou objectos que
tiveram contacto com o animal. Os ácaros são vistos na pele do dorso do animal
como pequenas escamas ou caspa. Causa
prurido, vermilhão na pele, e uma pelagem baça e quebradiça. Actualmente a sua
ocorrência é baixa devido às melhores condições de higiene do pêlo e ao uso de
produtos antiparasitários contra pulgas e carraças que são eficazes no combate
aos ácaros.
Se tiver um animal infectado com sarna, para evitar o contágio, deve isolar o animal e tratá-lo com produtos aconselhados pelo Médico Veterinário. Além disso, deve usar luvas para manipular o animal, lavar todos os tecidos que tiverem contacto com ele, como: mantas, tapetes, roupas, e limpar bem o local onde vive.
A Sarna Otodécica e a sarna Demodécica são outros
tipos de sarna muito comuns nos cães mas não são contagiosos para os seres
humanos.
- TOXOPLASMOSE - no gato
A infecção pelo protozoário Toxoplasma gondii ocorre numa série de animais de sangue quente
(coelhos, aves, porcos, cães, gatos, etc), incluindo o Homem. Os gatos são o
único hospedeiro definitivo, onde ocorre o ciclo sexual do parasita e a única
espécie capaz de transmitir a doença ao Homem.
Os gatos infectam-se através da ingestão de animais
caçados (geralmente roedores) ou de carne crua. Quando infectados, o parasita
multiplica-se nas células do intestino eliminando oocistos que saem nas fezes para
o ambiente. Estes oocistos passado um tempo (48 a 72 horas) esporulam e
tornam-se infectantes.
A infecção no Homem ocorre através de:
-
Ingestão de água e/ou alimentos contaminados com oocistos esporulados provenientes
das fezes de gatos;
-
Directamente pela ingestão das fezes de gatos infectados;
Como não comemos voluntariamente fezes de gatos, geralmente a infecção ocorre por ingestão de alimentos como legumes e vegetais, ou carne crua mal cozinhada. Não há transmissão directa de uma pessoa para outra.
Como não comemos voluntariamente fezes de gatos, geralmente a infecção ocorre por ingestão de alimentos como legumes e vegetais, ou carne crua mal cozinhada. Não há transmissão directa de uma pessoa para outra.
A infecção nos seres humanos raramente dá sintomas
ou complicações, excepto se estiverem com o sistema imunitário comprometido,
como as pessoas com cancro ou SIDA. Nestas pessoas a infecção é grave e pode
ser fatal.
A infecção do feto humano através da placenta
(infecção da grávida e passagem para o feto) representa a maior ameaça nos
seres humanos pois pode levar a manifestações graves como o aborto, prematuridade
e morte fetal. Os recém-nascidos infectados podem ter defeitos congénitos e
desenvolver febre, aumento do fígado e baço, icterícia, convulsões, paralisia,
atrasos de desenvolvimento, etc.
Devem ser rastreadas todas as mulheres antes e
durante a gravidez, para saberem se são imunes ou não à toxoplasmose.
Se as grávidas não forem imunes devem ter alguns cuidados como por exemplo: manusear carnes cruas e verduras com luvas, lavar muito bem as verduras e frutas cruas, retirar a casca das frutas, evitar ingestão de enchidos ou carnes mal cozinhadas, evitar manusear fezes de gatos e usar luvas durante a jardinagem.
Pode-se rastrear os gatos quanto à presença de Toxoplasma gondii – pergunte ao Médico Veterinário.
Se as grávidas não forem imunes devem ter alguns cuidados como por exemplo: manusear carnes cruas e verduras com luvas, lavar muito bem as verduras e frutas cruas, retirar a casca das frutas, evitar ingestão de enchidos ou carnes mal cozinhadas, evitar manusear fezes de gatos e usar luvas durante a jardinagem.
Pode-se rastrear os gatos quanto à presença de Toxoplasma gondii – pergunte ao Médico Veterinário.
Como medidas preventivas deve: mudar a caixa de
areia com frequência e retirar as fezes o mais cedo possível. Não contacte
directamente com as fezes – use sempre luvas. Como os oocistos são resistentes
aos desinfectantes mais banais use água com lixivia para desinfectar e lavar a
caixa de areia no caso de suspeitar de contaminação.
- LEPTOSPIROSE - no cão
Conhecida
como “a doença dos ratos”, a leptospirose é causada pela bactéria Leptospira spp., que afecta a maior
parte dos animais, inclusive o Homem. A bactéria é eliminada na urina de
animais infectados (sobretudo ratos) e sobrevive muito tempo em ambientes
húmidos (pântanos, água das fossas, charcos, etc…).
Transmite-se ao Homem: directamente através do
contacto com urina de roedores, ou indirectamente com o contacto de alimentos
ou águas contaminadas com urina - por ingestão ou penetração na pele
lesionada.
O seu cão
pode ficar infectado se beber, nadar ou andar sobre água contaminada, comer
alimentos contaminados com urina de ratos, comer ratos ou outros animais
doentes. Quando doente o seu cão pode transmitir-lhe a infecção se tiver
contacto com a urina dele. Já a pessoa, se infectada, não transmite a doença a
outras pessoas.
Os sintomas no cão são muito variáveis, dependendo
da idade, da imunidade do animal e do tipo de serovar da bactéria infectante.
Origina problemas hepáticos, renais, hemorragias, vómitos, dor abdominal e
perda de apetite. A doença é grave e altamente fatal se não vacinar o seu cão.
A vacina contra a leptospirose está incluída na vacina que geralmente se
administra contra as doenças infecciosas.
A ocorrência da doença nas pessoas, conhecida como “Doença
de Weill”, é rara. Se acontecer leva a sintomas variados como febre alta, dor
de cabeça, dores musculares, vómitos, diarreia e dor abdominal. Sem tratamento
pode levar a alterações no rim, fígado e à morte.
Que medidas
preventivas devo seguir?
- Desinfecção e drenagem de águas paradas e limpeza
de terrenos baldios;
- Lavagem dos alimentos, em especial os que são
comidos crus;
- Desinfecção e limpeza com lixívia de locais
susceptíveis de atrair ratos;
- Exterminação dos roedores;
- Usar sempre luvas durante a limpeza dos canis,
manipulação do animal e das suas excreções;
- Isolar os animais doentes;
- Desinfectar ou incinerar todos o material que
entrou em contacto com ele;
- Evitar deixar a comida do seu cão disponível todo
o dia, ela pode atrair ratos que podem urinar em cima e consequentemente
infectar o cão.
- Mantenha a vacina do seu cão em dia.
- Mantenha a vacina do seu cão em dia.
Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP
4910)
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Mangualde
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3530-115 Mangualde
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