segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O que é a esgana?

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
              Dra. Sandra Oliveira







 
O QUE É A ESGANA?

A esgana é uma doença infecciosa provocada pelo vírus da esgana canino: CDV (Canine Distemper Virus).
Afecta principalmente os cães mas também pode atingir os furões e outros canídeos selvagens como raposas, lobos, e coiotes.
É uma doença grave, terrível que afecta quase todo o organismo do cão, incurável e geralmente fatal. De todas as doenças infecciosas em cães, apenas a Raiva possui uma taxa de mortalidade superior à esgana.

Como se transmite?

O vírus da esgana é altamente contagioso, disseminando-se de forma muito fácil e rápida de cão para cão. A transmissão ocorre através do contacto directo com animais infectados ou das suas secreções/excreções: corrimentos ocular, nasal, saliva, fezes e urina.
Os cachorros entre 3 e 6 meses de idade não vacinados são os mais susceptíveis, no entanto, pode afectar cães de qualquer idade e raça.
Não se trata de uma zoonose, ou seja, os seres humanos não são afectados pelo vírus da esgana, o mesmo acontece com os gatos. No entanto, os seres humanos podem servir de veículo de transmissão do vírus para os cães, transportando-o nas mãos ou nas roupas.
O vírus é pouco resistente a detergentes e calor, morrendo em poucos minutos em ambientes quentes. Porém pode persistir durante semanas em ambientes com temperaturas próximas dos 0°C.

Quais são os sintomas?

O vírus afecta múltiplos sistemas do organismo, nomeadamente o sistema respiratório, o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso e por isso a sua sintomatologia é variada.
O primeiro sintoma a surgir é a febre, mas muitas vezes esta pode passar despercebida.
 O vírus atinge as vias aéreas, os pulmões, olhos e o aparelho gastrointestinal. Consequentemente às lesões deixadas pelo vírus instalam-se infecções bacterianas oportunistas. A infecção conjunta do vírus e bactérias leva a perda de apetite, febre, desidratação, corrimentos nasais e oculares muco-purulentos, pneumonia, tosse, diarreia e vómitos. 
Para além disso, também o sistema imunitário é afectado, diminuindo a capacidade do organismo de lutar contra a infecção.
Cerca de metade dos cães infectados desenvolve sintomatologia nervosa, como por exemplo ataques epilépticos, convulsões, fraqueza dos membros, paralisia e perda de coordenação motora.
 Os sintomas neurológicos podem ser irreversíveis.
A maioria dos animais com sintomas nervosos morre ou é eutanasiado devido ao grande sofrimento que a doença lhes causa.

Como se diagnostica a doença? 

De forma geral os sintomas não são identificados logo no início da doença, o que faz com que o diagnóstico seja muito difícil. Muitos animais podem não apresentar todos os sintomas típicos, por exemplo, um animal pode passar da febre directamente para sintomas nervosos, sem que manifeste diarreia ou pneumonia.
O diagnóstico é feito conjugando a história clínica e sintomas com análises sanguíneas.

Qual o tratamento?

Não existe tratamento antiviral. O tratamento é de suporte: direccionado para minorar as infecções bacterianas secundárias e controlar os sintomas. Se a componente bacteriana da infecção for controlada com o tratamento imposto o mais breve possível, os cães poderão parecer curados durante 2 a 3 semanas até aparecerem os sintomas nervosos característicos da doença.
O tratamento não impede que o vírus invada o sistema nervoso, não havendo quaisquer garantias de sucesso e de cura. 
Alguns cães conseguem sobreviver á fase aguda da doença e recuperam completamente. Outros, principalmente cachorros e os animais com sintomas nervosos acabam por falecer por complicações relacionadas com a esgana.

Melhor do que tratar, é prevenir!

Como se previne a esgana?

A única forma eficaz de prevenção da doença é a vacinação, que deverá começar às 6 semanas de idade.
Também é importante ter os animais em boas condições de higiene e evitar comportamentos de risco, nomeadamente o contacto com outros cães (mesmo que vacinados). 

A generalização da vacina tem vindo a reduzir a incidência da doença nas últimas décadas.

Os surtos de esgana são esporádicos mas uma vez que afecta animais selvagens, o contacto entre canídeos selvagens/ cães abandonados e cães domésticos facilita a propagação do vírus.

Se o seu animal apresenta algum tipo de sintoma sugestivo de infecção pelo vírus da esgana, particularmente, febre alta, vómitos, diarreia, perda de apetite, tosse, corrimentos ocular e nasal, espasmos nervosos, contracções musculares e, por vezes, paralisia, contacte imediatamente o Médico Veterinário.



Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
Av. General Humberto Delgado Nº 12 R/C Esq.
3530-115 Mangualde

 Telef.: 232.623.689

sexta-feira, 5 de junho de 2015

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO ANIMAL

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira






DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO ANIMAL

            A Declaração Universal dos Direitos dos Animais foi proclamada pela UNESCO em sessão realizada em Bruxelas, Bélgica, em 27 de Janeiro de 1978 e posteriormente pela ONU a 15 de Outubro de 1978.

Preâmbulo

Considerando que:
- Todo o animal possui direitos.
- O desconhecimento e o desprezo destes direitos têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza.
- O reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo.
- Os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de continuar a perpetrar outros.
- O respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante.
- A educação deve ensinar desde a infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais.

Proclama-se o seguinte:

Art. 1 - Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.

Art. 2
1-      Todo o animal tem o direito a ser respeitado.
2-      O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais.
3-      Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à protecção do homem.

Art. 3
1-      Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a actos cruéis.
2-      Se for necessário matar um animal, ele deve ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia.

Art. 4
1-      Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terreste, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.
2-      Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito.

Art. 5
1-      Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
2-      Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito.

Art. 6
1-      Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural.
2-      O abandono de um animal é um acto cruel e degradante.

Art. 7
1-      Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso.        
Art. 8
1-      A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, cientifica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.
2-      As técnicas de substituição devem ser utilizadas e desenvolvidas.

Art. 9 – Quando o animal é criado para alimentação, ele deve ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que isso resulte para ele nem ansiedade nem dor.

Art. 10 
1-      Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem.
2-      As exibições de animais e os espectáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.

Art. 11 -  Todo o acto que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.

Art. 12
1-      Todo o acto que implique a morte de um grande número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.
2-      A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.

Art. 13
1-      O animal morto deve ser tratado com respeito.
2-      As cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal.

Art. 14
1-      Os organismos de protecção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental.
2-      Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem.




Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
Av. General Humberto Delgado Nº 12 R/C Esq.
3530-115 Mangualde
 Telef.: 232.623.689


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Como prevenir e combater o mau hálito e os problemas dentários do meu cão e gato?

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira






COMO PREVENIR E COMBATER O MAU HÁLITO E OS PROBLEMAS DENTÁRIOS DO MEU CÃO E GATO?


Sabia que as infecções da boca e dos dentes estão entre os problemas mais frequentemente encontrados no cão/gato?

A PLACA DENTÁRIA: O INIMIGO Nº 1

Cerca de 85% dos cães e gatos com mais de 3 anos de idade sofrem de doença periodontal: uma doença que afecta as gengivas e as estruturas profundas que sustentam o dente. 
Este problema inicia-se com a acumulação à superfície do dente da placa bacteriana: uma película viscosa e transparente cheia de bactérias, que se forma sobre os dentes após cada refeição. No início esta placa é mole, e caso não se institua rapidamente um tratamento preventivo para removê-la nesta fase, a curto prazo irá endurecer pela deposição de sais minerais dissolvidos na saliva e dar origem ao tártaro.
A acumulação de placa e tártaro nos dentes conduz à inflamação da gengiva (gengivite), do que resulta vermelhidão e inchaço das mesmas. Numa fase mais avançada da doença periodontal surge a periodontite em que existe uma acumulação extensa de tártaro, retracção das gengivas, aumento da mobilidade do dente, mau hálito e dor. Isto pode levar à perda dos dentes, à formação de abcessos dentários e à disseminação de bactérias para os outros órgãos do organismo, nomeadamente o coração, os rins, o fígado e os pulmões.

Por causa deste problema grave, é importante promover uma boa saúde oral e uma limpeza cuidada dos dentes do seu animal de estimação. A higiene oral deve ser uma preocupação desde idade muito jovem, pois a placa bacteriana começa a aparecer assim que há a erupção dos dentes.

SOLUÇÕES PARA A HIGIENE ORAL DOS CÃES E GATOS  

  •           A escovagem diária dos dentes:
A escovagem diária dos dentes é a medida profiláctica mais eficaz para combater a formação da placa bacteriana e pode ser feita em casa.
Para muitos donos não é fácil escovar os dentes e a maioria acaba por desistir. Para facilitar deve começar a escovar os dentes do cão o mais cedo possível, logo em cachorro. Apesar de num cachorro muito jovem a dentição de leite ser substituída pela dentição definitiva, iniciar a escovagem dos dentes nesta idade faz com que este processo faça parte da rotina do animal e não se torne num pesadelo. É mais fácil treinar os cachorros do que os animais adultos.

Quando a escovagem diária não é uma opção prática, existem outras estratégias alternativas a fim de manter a saúde oral dos cães e gatos, como o tipo de alimento e disponibilizar-lhe barras dentárias mastigáveis.

Existem pastas de dentes e escovas próprias para escovar os dentes e as gengivas do seu animal. Pode optar por uma escova de dentes manual ou por uma que se coloque no dedo (dedeiras).

Como escovar os dentes?

É importante que o animal esteja habituado à manipulação na zona da boca e focinho.

1.    Coloque o animal numa posição confortável (no colo ou no chão) e aproxime-se de lado, não de frente.
2.    Tranquilize-o através de gestos ou palavras meigas. Pode, eventualmente pedir ajuda a outra pessoa.
3.   Utilize uma pasta de dentes própria para animais. Espalhe a pasta na escova e pressione-a para o interior da escova, caso contrário, o cão lamberá toda a pasta.
4.    Escove os dentes e as margens entre o dente e a gengiva. Se usar uma dedeira, coloque um pouco de pasta no dedo e massaje a superfície externa dos dentes e gengivas.
5.    Comece por escovar os dentes de trás: os molares e pré-molares, em vez dos incisivos (os dentes da frente). Isto porque a maioria dos animais geralmente aceita levantarem-lhe os lábios e não gostam que se levante o focinho. Com o tempo aumente progressivamente o número de dentes escovados até conseguir lavar todos os dentes de uma só vez.
6.    No início, a boca não precisa de estar toda aberta. Concentre-se na escovagem da superfície dos dentes, especialmente no bordo gengival.
7.    Quando o animal aceitar bem a escovagem de lado, comece por escovar os dentes incisivos, de modo a escovar toda a superfície externa do dente. Insista essencialmente na zona de junção do dente com a gengiva, pois é a zona onde a placa bacteriana se infiltra sobre a gengiva.
   8. Depois do animal aceitar a escovagem de ambas as faces externas dos dentes, é hora de tentar abrir a boca do animal e escovar progressivamente as faces internas. Se o animal resistir não deve insistir. Retome a escovagem externa e volte a tentar progressivamente em escovagens posteriores.

Dicas:
Ofereça uma recompensa ao cão no fim do processo, por exemplo um brinquedo, um passeio ou uma barra dentária.
- Inclua a escovagem dos dentes na rotina dos cuidados diários (como a refeição, o passeio ao fim do dia, a escovagem do pêlo). Nestas condições, o dono também se recordará mais facilmente de uma rotina regular.

  •  Tipo de alimento 
Regra geral, os cães alimentados com dietas húmidas apresentam uma acumulação crescente da placa dentária e de tártaro e uma gengivite mais grave do que quando a sua dieta consiste em alimentos secos. Os croquetes promovem um efeito de auto-limpeza à medida que o cão os mastiga, reduzindo assim significativamente a acumulação de placa dentária e de gengivite.

  • Barras dentárias 
As barras dentárias podem ser utilizadas nos cães como método preventivo de higiene buco-dentária. Estas barras mastigáveis reduzem significativamente a acumulação de placa dentária e o grau de gengivite, quer a curto como a longo prazo. Podem ser usadas como meio complementar da escovagem ou como substituição, nos casos em que a escovagem é muito difícil de realizar.

A Clínica Veterinária de Mangualde dispõe de uma grande variedade de produtos específicos para a higiene oral do seu cão e gato:

- O dentífrico enzimático OROZYME® para cão e gato: contém uma fórmula enzimática patenteada com acção abrasiva que previne a formação da placa bacteriana, a acumulação de tártaro e o mau hálito.
Recomenda-se escovar os dentes com Orozyme gel® após a ultima refeição do dia. Nos animais que não toleram o escovar dos dentes, o dentífrico pode facilmente ser aplicado (com o aplicador fornecido na embalagem) sobre as gengivas, ou misturado nos alimentos.

- Os Snacks  Orozyme® ou  as barritas Veggident para cão®: estimulam a mastigação, o que contribui para uma limpeza mecânica dos dentes, assim como para a produção de saliva, a qual funciona como um sistema de defesa natural contra as bactérias da boca.
A mastigação regular de snacks completa utilmente a escovagem dos dentes de difícil acesso e permite espaçar as escovagens.
Os snacks estão disponíveis em diferentes apresentações, adaptadas ao tamanho do cão. 
Os cães aceitam estes snacks como uma verdadeira guloseima e é uma óptima ideia para se entreterem. Administre uma barrita por dia após a refeição.
O animal deverá ter sempre água fresca à sua disposição.
- Ossitos para roer:  Guloseimas para mastigar.
- Os biscoitos Cani-tartre® para cão ou Féli-tartre® para gato: são croquetes formulados especificamente para a higiene dentária e para prevenir a acumulação de tártaro. São muito apetitosos e com baixo poder calórico, podendo ser dados diariamente.

- Vetaquadent®: é uma solução que se dilui na água de bebida especialmente desenvolvida para a higiene oral e dentária diária dos cães e gatos.

Todos estes produtos complementam-se entre si. O uso de mais do que um oferece uma mais-valia na higiene da boca e dentes do seu animal. Para obter mais informações e aconselhamento, consulte o seu médico veterinário.

*        Exames orais e destartarizações regulares feitos pelo Médico Veterinário

Com frequência consulte o Médico Veterinário para verificar a existência de sinais de doença periodontal:
   - Acumulação de tártaro
   - Mau hálito
   - Hemorragia nas gengivas
   - Dificuldade em mastigar
   - Excesso de salivação
   - Perda de dentes
   - Perda de apetite


O tártaro acumulado só é removido pela destartarização realizada pelo médico veterinário. Este procedimento é realizado sob anestesia geral e com recurso a um destartarizador de ultra-sons. Em estados avançados de doença periodontal o médico veterinário poderá ter de proceder à extracção de dentes.

Para manter os benefícios da destartarização e evitar o recurso a essa intervenção é essencial a instituição de um programa de higiene oral diária que limite a acumulação da placa bacteriana e o aparecimento de tártaro e do mau hálito. Indubitavelmente a escovagem diária dos dentes é o método mais eficaz.

  

Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
Av. General Humberto Delgado Nº 12 R/C Esq.
3530-115 Mangualde

 Telef.: 232.623.689

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Os cães mudam os dentes?

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira



Os cães mudam os dentes?

Na primeira consulta ao veterinário é uma surpresa para muitos donos descobrirem que o seu cachorro também muda os dentes, como os seres humanos.        

Os cachorros nascem sem dentes, tal como os bebés. Os primeiros dentes de leite começam a nascer por volta das 3 semanas de idade. Mais tarde, o cão começa a trocar a dentição de leite pela definitiva por volta dos 4 meses de idade e termina a muda por volta dos 7 meses de idade.
Não se preocupe se não encontrar os dentes de leite que caíram, porque na maior parte das vezes são ingeridos pelo cachorro sem isso constituir nenhum problema para o animal.

 Além disso, não tem de se preocupar que eles fiquem doentes porque não ficam febris como as crianças nem deixam de comer. Nunca justifique a falta de apetite do seu cachorro ou o facto de ele estar mais parado com a muda dos dentes, porque esta não causa alterações do estado geral do seu animal de estimação.
O único cuidado que deve ter nesta fase é de fornecer mais brinquedos ao seu cachorro para evitar que ele roa objectos em casa, que podem constituir perigo para a sua saúde, uma vez que nesta fase eles vão sentir mais necessidade de roer.
A persistência da dentição decídua, isto é, dos dentes de leite que não caem durante a muda, é muito frequente nas raças pequenas como o Yorkshire Terrier, o Pinsher miniatura, o Shi-Tzu, o Caniche, entre outras. Este problema deve ser resolvido com a extracção dos mesmos, para prevenir e evitar problemas de ma oclusão e acumulação de placa bacteriana. Nas raças mais predispostas aconselhamos uma consulta por volta dos 7-8meses de idade para verificar se a muda da dentição ocorreu normalmente ou se persistem dentes de leite e dessa forma podermos proceder à sua extracção, antes que causem problemas.
O cão adulto tem 42 dentes enquanto o cachorro tem 28 dentes.




Dentes
Erupção dos dentes de leite
Muda para os dentes definitivos
Incisivos
3-5 semanas
4-5 meses
Caninos
3-4 semanas
4-6 meses
Pré-molares
3-12 semanas
5-6 meses
Molares
-
5-7 meses (surgem primeiro os da mandibula)















Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
Av. General Humberto Delgado Nº 12 R/C Esq.
3530-115 Mangualde
 Telef.: 232.623.689

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Como ensinar o cachorro a fazer as necessidades no sítio certo?

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno José Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira





Como ensinar o cachorro a fazer as necessidades no sítio certo?

É um grande desafio ensinar o nosso cachorro a fazer as necessidades no sítio certo, ainda mais quando estamos a lidar com um animal que não tem total controlo sobre a bexiga e intestinos até por volta dos 6 a 8 meses de idade. Contudo, pode ser bem sucedido se o observar, reconhecer os seus sinais, perceber os seus instintos e recompensando-o pelo comportamento correcto. Use as seguintes sugestões e tenha muita paciência durante o treino.

O cachorro não sabe onde deve ou não deve fazer as necessidades antes de o ensinarmos, logo qualquer sítio longe de onde come ou dorme é um bom sítio. Portanto é de esperar que haja “acidentes”.
A prevenção é o ponto-chave para o sucesso. Para prevenir acidentes tem de perceber com que frequência o seu cão precisa de fazer as necessidades.  

*      Há alturas em que é mais provável o cachorro precisar de fazer as suas necessidades. Estas são:
                - De manha ao acordar;
                - Cerca de 5 a 10 minutos depois de beber água;
                - Cerca de 10 a 25 minutos depois de comer (muito variável de cachorro para cachorro);
                - Depois duma sessão de brincadeira ou exercício;
                - Quando desperta de uma sesta.
Isto aplica-se também à maioria dos adultos.

Como pode ver o cachorro precisa de fazer as suas necessidades com muita frequência e nem sempre o dono está por perto para o encaminhar para o sítio certo.
*        Aspectos importantes a considerar:  

·      Regra geral os cachorros não fazem as necessidades no sítio onde comem, dormem, ou quando limitados a um espaço pequeno.
·      Não deixe o seu cachorro vaguear pela casa toda sem supervisão. Mantenha-o confinado numa área pequena quando não tem a possibilidade de o observar constantemente.
·      Se o seu cachorro se descuidou dentro de casa ou onde não era suposto, durante a sua ausência, não o repreenda. A reprensão só será eficaz se o apanhar em flagrante.
·      Se o seu cão se descuidar não ralhe ou castigue-o. Esfregar o focinho do cão só agrava mais o problema. Se o “acidente” ocorrer não dê atenção ao cão, espere que ele saia e calmamente limpe o que ele sujou.

Cometemos muitos erros quando ensinamos um cachorro a fazer as necessidades no sítio certo. Com frequência, o que pensamos que estamos a ensinar nem sempre é o que o cachorro está a aprender.
Por exemplo: pode pensar que se levar o seu cachorro ao sítio onde ele urinou e defecou e gritar “Não!” ou “Feio!” e lhe bater, ele aprenderá a não voltar a fazer as necessidades naquele local. As coisas não são tão lineares assim. Pode, pelo castigo dado, não voltar a fazer as fezes naquele local, mas também aprende que a presença do dono e a presença de urina ou fezes resulta em castigo. Consequentemente, para evitar punições, o cachorro pode começar a fazer as necessidades em superfícies absorventes como carpetes ou almofadas, em sítios escondidos e raramente na sua presença. Não se surpreenda, portanto, se andar muito tempo na rua com o seu cachorro, na expectativa de ele fazer as necessidades, ele não fazer nada e assim que chega à casa fazer às escondidas.
Caso seja possível, ensine o cachorro desde o primeiro dia a fazer as necessidades no local definitivo – local que pretenda que ele faça as necessidades para toda a vida, por exemplo: no jardim ou no quintal.
 Aos 2 meses de idade um cachorro já pode ser perfeitamente treinado a defecar e urinar fora de casa, no quintal. Tenha atenção e evite o contacto íntimo com outros cães e com dejectos deixados por outros animais, especialmente se não tiver a vacinação em dia.

*      Técnica dos resguardos dentro de casa:

Técnica a optar quando tem um cachorro muito novo, que ainda não pode ir à rua por não ter o esquema vacinal completo, ou quando vive num apartamento sem quintal ou sem a possibilidade de o levar à rua com frequência.
Para servir de “casa-de-banho” use os resguardos. Os resguardos são uma boa escolha porque o cachorro acede a eles com facilidade, são baratos e não tem o inconveniente dos jornais que é o cachorro ingerir tinta se os roer.
Tenha vários resguardos espalhados pela casa. Pode não parecer muito bonito mas é importante ter vários espalhados porque se o resguardo estiver longe do cachorro, mesmo que ele
já tenha entendido que é nele que deve urinar e defecar, pode não ter tempo de lá chegar e fazer as necessidades pelo caminho.
A solução ideal é encaminhar o cachorro para um dos resguardos que tem espalhados pela casa nas alturas em que é provável ele fazer as suas necessidades. Assim que ele acabar de as fazer, recompense-o com um elogio verbal ou uma guloseima. Use guloseimas deliciosas - um pedaço de fiambre ou queijo magro é preferível a algo rico em gordura. Recompense-o só quando acabar de urinar ou defecar, se não corre o risco de o cachorro se retrair porque se focou na guloseima.
Se o apanhar em flagrante a fazer as necessidades no sítio errado, pegue nele rapidamente e, sem lhe dizer nada, leve-o para o resguardo. É provável que o cachorro se retraia, mas pelo menos entenderá que não é suposto fazê-las onde estava. Se vir urina ou fezes nem que seja dois minutos depois, limpe o local sem dizer nada ao cachorro. 
Atenção que os produtos à base de lixivia ou amoníaco podem atrair o cachorro, porque alguns dos seus componentes são semelhantes a alguns componentes da urina. Depois de lavado o local que o seu cachorro sujou, neutralize o odor com uma mistura de água e vinagre (uma parte de vinagre para duas partes de água). Borrife o local que lavou e seque-o com papel de cozinha.

E se o me cachorro tiver feito as necessidades no resguardo mas não estava ninguém por perto para o recompensar?
Esta é, por acaso, a situação mais comum. Leve-o até ao resguardo, devagar e calmamente ponha-o a cheirar a urina ou fezes, e recompense-o com elogio verbal e guloseima. O cachorro aprenderá que fazer as necessidades no resguardo resulta numa recompensa, mesmo que as tenha feito bastante tempo antes de o dono as ver.

Nota: Temos disponíveis na Clínica uma casa de banho com resguardo muito bonita e um produto atractivo para o seu cachorro fazer as necessidades.

*      Como educar o cachorro a fazer as necessidades fora de casa?

1.    Escolha uma área no exterior onde quer que o seu cão faça as necessidades. Idealmente a casa-de-banho do cachorro deve ser escolhida antes da chegada dele a casa.
2.    Leve o seu cachorro frequentemente à rua, se possível com intervalos de 2 horas durante o dia (saídas menos frequentes irão atrasar o processo de aprendizagem).
3.    Faça-o, impreterivelmente a seguir às refeições, ao despertar, após momentos de brincadeira e à noite antes de deitar.
4.    É importante seguir uma rotina. A alimentação deve ser feita à mesma hora todos os dias e não deve ficar sempre à disposição do cachorro. Quando ele acaba de comer e se afasta da comida, ou após 15 minutos, retire a comida.
5.    Acompanhe sempre o seu cão para o local pretendido e com a trela (se estiver habituado à trela).
6.    Use uma palavra específica para o cão associar o local escolhido ao sítio onde tem de fazer as necessidades, como por exemplo: “ faz o cócó”.
7.    Quando começar a fazer as necessidades no local certo, elogio-o calmamente.
8.    Quando terminar de fazer as necessidades no local certo felicite-o vigorosamente através do tom de voz, carícias, festas e recompense-o com um biscoito ou “snack” que ele goste, imediatamente.  Não espere que chegue a casa.
9.    Se ele não fizer as necessidades, coloque-o numa área confinada e leve-o novamente passado 15 minutos.
10.  O odor das visitas anteriores a essa área irá marcá-la rapidamente como o local das necessidades mas é importante mantê-la sempre limpa.
11. Recompense-o com um “snack” sempre que ele tiver um comportamento apropriado. Quando ele aprender, faça-o intermitentemente.
12. Se o animal por algum motivo não quer fazer as necessidades no local pretendido e assim que o levar para dentro de casa faz lá, tem de estar mais atento ao comportamento dele.
Quando o cão começar a cheirar o chão, ou andar às voltas a preparar-se para fazer as necessidades, espere que ele comece a fazer para o impedir, erguendo-o no ar enquanto exclama “Não” com firmeza e leve-o ao local destinado de imediato. Quando ele tiver terminado de fazer as necessidades felicite-o e acaricie-o logo para ele perceber que teve um bom comportamento.
Idealmente não deve esperar por estes momentos. Leve o cão à rua regularmente.
Se perceber que não vai chegar a tempo de agir, não faça nada e também não o castigue. Espere que ele saia para depois limpar.
13. Quando levar o cachorro à rua certifique-se que o passeio não acaba assim que o animal fizer as suas necessidades, não se esqueça que o cachorro também precisa de brincar e de fazer exercício. Não o traga logo para casa.
14. Por ultimo, não se esqueça que na cidade o asseio é imperativo. Retire as fezes deixadas pelo animal com um saco plástico e deite-as no contentor do lixo.

*      Os cães adultos também podem ser ensinados. Como?

Siga o mesmo esquema do cachorro. A diferença é que os cães adultos aguentam-se mais tempo, podendo ir à casa-de-banho apenas 2 ou 3 vezes e serem alimentados duas vezes por dia.
Esse esquema ajuda-o a resolver o problema da educação do seu cão para que ele utilize o local correcto para fazer as necessidades, mas certifique-se que ele não está a urinar ou defecar por outros motivos como submissão, dominância ou medo.
Se o cão urina quando fala com ele ou quando chega a casa, provavelmente ele está a urinar por submissão ou excitação. A marcação do território e a regressão na aprendizagem: o voltar a fazer as necessidades no sitio errado quando já estava ensinado, são exemplo de urinar e defecar, respectivamente, por dominância.



 Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

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