terça-feira, 29 de abril de 2014

A electrocardiografia no cão e gato

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno José Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira






A ELECTROCARDIOGRAFIA NO CÃO E NO GATO

A incidência de problemas cardíacos em animais de companhia tem crescido nos últimos anos. Isto ocorre devido ao aumento da esperança média de vida, ao maior conhecimento e sensibilidade da população para as doenças dos seus animais, e á maior diversidade e acuidade dos meios de diagnóstico disponíveis.
Assim, á semelhança da medicina humana é frequente o encaminhamento do animal para uma consulta de cardiologia com avaliação electrocardiográfica, especialmente os que têm mais de 6 anos de idade.
As principais doenças cardíacas adquiridas nos cães e gatos são as cardiomiopatias e as insuficiências valvulares. Nos humanos, as doenças cardíacas são geralmente causadas por lesões no músculo cardíaco devido a coágulos sanguíneos (enfarte do miocárdio). Esta lesão cardíaca não ocorre nos nossos animais.
O coração é uma bomba muscular que impulsiona o sangue pelos vasos sanguíneos, através da contracção e relaxamento alternados. Esta sequência contráctil é iniciada e organizada por um sinal eléctrico, o potencial de acção, que se propaga de célula muscular em célula muscular, por todo o coração. Todo este processo deve ser bem coordenado para que o coração funcione eficientemente.


v  O que é um electrocardiograma?

O electrocardiograma (ECG) é uma ferramenta de diagnóstico prático, acessível e fácil de realizar, utilizada na prática diária na clínica e cirurgia veterinária. Assume uma grande importância na área da clinica veterinária como método de diagnóstico e monitorização, e na área da cirurgia, onde são realizadas leituras de ECG antes, durante e após diversos dos procedimentos a que os animais são submetidos.
O electrocardiograma é a representação gráfica da actividade eléctrica do coração feita através de um aparelho, denominado electrocardiógrafo, que basicamente funciona de maneira semelhante a um galvanómetro.
Trata-se do instrumento de eleição no diagnóstico de arritmias cardíacas, podendo dar também alguma informação acerca do tamanho das diversas câmaras do coração.

A electrocardiografia consiste no registo dos impulsos eléctricos gerados pelo coração e medidos á superfície do corpo. Estes impulsos, registados em voltagem e tempo no electrocardiograma, formam ondas específicas que representam estádios de despolarização e repolarização do miocárdio.
Ao estudarmos as ondas eléctricas formadas sabemos se o coração está a contrair a um ritmo adequado e também se cada onda se forma no momento apropriado e da forma correcta. Além disso, o estudo das ondas mostra-nos também se é necessário realizar outras provas de diagnóstico, para podermos diagnosticar a patologia cardíaca em questão e tratá-la de forma mais correcta.



v  Como se faz o registo do electrocardiograma no animal?

O exame é muito simples e totalmente indolor para o animal.
O animal é colocado deitado de lado ou sentado, numa superfície não condutora, por exemplo numa mesa que não seja feita de inox, numa área tranquila. Uma pessoa fica a conter o animal de forma a estar sossegado enquanto outra coloca os eléctrodos na pele dos membros anteriores e posteriores do animal. Os eléctrodos estão ligados ao aparelho electrocardiógrafo que regista a leitura electrocardiográfica.



v  Quais as indicações do electrocardiograma?

O electrocardiograma é um método de diagnóstico eficaz na detecção e classificação de arritmias. As arritmias definem-se como anomalias na formação, condução, frequência e regularidade do impulso cardíaco.
Algumas alterações no electrocardiograma podem sugerir doenças cardíacas, entre outras.

Deve-se fazer um ECG nos seguintes casos:  

- Animais com idade superior a 6 anos (anualmente);
- Antes, durante e após uma cirurgia;
- Animais com doença periodontal (dentes com tártaro, gengivas sangrentas e mau hálito) grave; 
- Monitorização de pacientes em estado crítico;
- Arritmias detectadas durante o exame clínico;
- Presença de sopros cardíacos;
- Presença de cardiomegalia (aumento do tamanho geral do coração) detectada no Raios X;
- Exclusão de arritmias quando existe uma história clínica de sincope (desmaios) ou convulsões;
- Pesquisa de alterações metabólicas ou electrolíticas, principalmente alterações da calémia (níveis de potássio sanguíneo);
- Diagnóstico de uma efusão pericárdica;
- Acompanhamento da terapia anti-arrítmica.
- Situações de trauma torácico, atropelamentos, com envolvimento cardio-respiratório;
- Doenças sistémicas: piómetra, pancreatite, Insuficiência Renal Crónica, Miocardites, Neoplasias; etc.


v  Porquê realizar um electrocardiograma antes duma cirurgia?

De forma geral, a avaliação pré-operatória do animal é essencial na prevenção de complicações e no estabelecimento de planos terapêuticos adequados. A realização de um ECG pré-anestésico permite frequentemente uma avaliação do paciente de forma a estabelecer-se o protocolo anestésico adequado a cada caso, com o objectivo de a anestesia ser a mais segura possível.
Independentemente do tipo de patologia existente ou do motivo da cirurgia, o ECG torna-se uma ferramenta de elevado valor para uma avaliação pré-operatória, em animais de qualquer idade ou peso com ou sem história ou sinais clínicos de alterações cardíacas.
O ECG deve ser realizado rotineiramente, em animais cujo exame físico ou historial clínico sugerem a presença de uma cardiopatia, e também naqueles que apresentam mais de 6 anos de idade, devido ao aumento da incidência de arritmias assintomáticas e insuficiências valvulares nos cães após esta idade.
Muitas das alterações cardíacas detectadas no ECG originam complicações durante e/ou após a cirurgia. Ao exame pré-operatório, existe uma elevada percentagem de cães que apresentam alterações no ECG.
A presença de alterações no traçado electrocardiográfico nem sempre está associada á presença de cardiopatia e a presença destas alterações, podem não se acompanhar da presença de sinais clínicos de cardiopatia detectáveis ao exame clínico. Por esta razão, o ECG é um importante e indispensável exame pré-operatório.
 

Resumindo:

- O electrocardiograma é uma excelente ferramenta semiológica para o Médico Veterinário.
- É um exame frequentemente solicitado pelo Médico Veterinário durante uma consulta quando há suspeita clínica de alguma patologia cardio-respiratória;
- O traçado electrocardiográfico regista a frequência e o ritmo cardíaco. Permite uma avaliação do local de formação, frequência de formação e condução do estímulo eléctrico.
- Útil na avaliação pré-anestésica e na monitorização do animal durante uma cirurgia.
- Auxilia no diagnóstico de patologias cardíacas e cardio-respiratórias.

Saiba que
A Clinica Veterinária de Mangualde dispõe ao seu serviço de um aparelho de electrocardiografia.



 Artigo realizado por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

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