ALIMENTOS QUE NÃO DEVE DAR AO SEU
ANIMAL DE ESTIMAÇÃO
Quem tem cães e gatos em casa sabe que é muito difícil resistir
aos olhinhos inocentes deles a pedir algo quando estamos sentados à mesa, na
altura das refeições. Certamente já deu a provar ao seu animal de estimação um
pouco da comida que come ou prepara para as refeições familiares. Provavelmente
tem a noção que os animais são diferentes de nós, têm metabolismos e
necessidades alimentares diferentes e que nem tudo o que nos faz bem, faz o
mesmo a eles, mas o que pode não saber é quais os alimentos que o seu cão e/ou
gato não deve comer.
Existem vários alimentos que são comuns à nossa mesa e
completamente seguros para nós e que não o são para o nosso animal de
estimação, podendo até colocar a vida dele em risco. Deverá entender que, mesmo
sendo seguro para si comer um determinado alimento, isto não significa que o
seu animal deve comer dele também. Não tente dar um determinado alimento ao seu
animal se não souber que é seguro para ele, mesmo que o seja para si.
Alguns dos alimentos mais comuns à nossa mesa que são tóxicos para
os cães e gatos são:
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CHOCOLATE (de todas as formas)
O chocolate pode ser muito delicioso e tentador para os animais
como o é para os donos, mas, contêm uma substância denominada teobromina, um
alcalóide amargo relacionado com a cafeína, que é tóxico, podendo ser fatal,
dependendo do tamanho do animal, do tipo e da quantidade de chocolate ingerida.
A dose tóxica de cafeína e de teobromina nos cães é de 100 a
150mg/Kg, enquanto nos gatos é de 80 a 150mg/Kg de peso. O chocolate de leite
contém aproximadamente 154mg, enquanto o chocolate preto tem 528mg de
teobromina por cada 100gr de chocolate.
Os sinais de intoxicação são: vómitos, diarreia, hiperactividade,
excitação inicial, ansiedade, aumento de ritmo cardíaco, arritmias cardíacas,
tremores musculares, beber e urinar excessivamente, respiração pesada,
convulsões e morte.
Quem suspeitaria que algo tão saboroso pode ser tão maléfico para
o nosso animal de estimação. Lembre-se que um gato é capaz de escalar um
armário para encontrar comida. Não há antidoto para esta intoxicação, portanto,
o melhor a fazer é manter todo o chocolate, bombons e doces bem longe do
alcance do seu animal.
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CAFÉ, CHÁS, REFRIGERANTES E COLAS
Todas as
bebidas que contêm cafeína, teofilina e teobromina, derivados das
metilxantinas, que para nós são bebidas estimulantes, para os cães são
potencialmente mortais. Enquanto o organismo das pessoas metaboliza e elimina
estas substâncias de forma eficiente, os animais têm características
metabólicas que os impedem de eliminar estas substâncias rapidamente, acumulando-as
no organismo e provocando sinais de intoxicação semelhantes ao que acontece na
intoxicação por chocolate. Além de serem um estimulante cardíaco, causam danos
no sistema nervoso e urinário.
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BEBIDAS ALCÓOLICAS
O sabor doce
pode atrair os cães e gatos, mas tal como nas pessoas, as bebidas com álcool
causam problemas de saúde. A diferença é que os animais adaptam-se menos que as
pessoas e são mais susceptíveis à intoxicação.
Os sinais de
intoxicação são: descoordenação motora, vómitos, diarreia, dificuldades
respiratórias, excitação inicial, urinar excessivamente, depressão, arritmias
cardíacas, convulsões, coma e morte.
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CEBOLAS E ALHOS
Todas as espécies do género Allium,
sendo as mais conhecidas as cebolas, os alhos, o alho-porro, os cebolinhos,
contêm tiossulfitos, uma substância tóxica que irrita o tracto gastrointestinal
e pode causar anemia por destruição das células vermelhas do sangue.
A toxicidade pode ocorrer de todos os modos, quer esses alimentos
sejam frescos, secos, cozinhados ou em pó. Todas as partes da planta são
potencialmente tóxicas para os cães e gatos e de forma geral, o alho parece ser
menos tóxico que a cebola.
Os gatos são muito mais susceptíveis à toxicidade do que os cães.
No cão, a dose mínima tóxica é de 5,5 gramas de cebola desidratada
ou 8,75 gramas de cebola natural por cada Kg de peso.
Se o seu animal ingerir determinadas quantidades numa única
refeição ou cumulativo ao longo do tempo pode desenvolver sintomas como:
letargia, fraqueza, ataxia (falta de coordenação motora), mucosas pálidas ou
azuladas, anemia hemolítica, urina vermelha ou acastanhada, dificuldades
respiratórias, salivação excessiva e ocasionalmente vómitos e diarreia. Em
casos graves, a anemia pode dar origem a danos nos órgãos internos, levando a
falha orgânica e até à morte.
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UVAS, PASSAS, SULTANAS E GROSELHAS
As uvas, passas, sultanas e groselhas são tóxicas para os cães. As
frutas em si e todo o tipo de produtos que as contenham – sumos, muesli, xaropes, bolos, biscoitos –
constituem um perigo.
A ingestão de uma pequena quantidade pode causar falta de apetite,
vómitos, diarreia e insuficiência renal ao seu animal de companhia.
A toxina que causa esses efeitos ainda não foi identificada, no
entanto, deve evitar que o seu cão tenha acesso a estes alimentos, bem como a
todos os produtos que os contêm.
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FRUTAS
As frutas com caroço, como por exemplo, os pêssegos, ameixas,
mangas, representam um perigo porque, os seus caroços são indigeríveis e podem
causar obstruções intestinais. O animal pode manifestar salivação intensa,
vómitos e letargia.
O abacate (folhas,
sementes e a fruta) possui uma substância tóxica, designada de persina, que é
tóxica para os cães. Pode causar transtornos gastrointestinais, vómitos,
diarreia e alterações cardíacas
A maçã (Malus spp.) em especial as sementes e
possivelmente as folhas, não o fruto em si, pode ser tóxica. A toxicidade
deve-se a um composto cianogénico – a cianida, que vai provocar uma alteração
no metabolismo celular. Os sinais clínicos incluem palidez das mucosas, aumento
da frequência cardíaca e respiratória, naúsea, vómitos, choque, convulsões e
morte. Os sinais evoluem rapidamente. É característico um odor a amêndoas na
rspiração ou no conteúdo gástrico do animal.
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NOZES DA MACADÂMIA
A noz da
macadâmia (fruto extraído de uma árvore com o mesmo nome), tanto crua como
torrada ou em forma de manteiga de macadâmia contem uma toxina, de natureza
desconhecida, que pode afectar os músculos, o tracto digestivo e o sistema
nervoso.
Nos cães, basta a ingestão de um pequeno número de nozes para
causar dificuldades em andar, fraqueza, respiração acelerada, tremores,
vómitos, dores e inchaço nos membros, estando até já registados casos de
paralisia.
A noz de macadâmia é comum encontrar-se em biscoitos e cookies,
logo tome cuidado e por segurança não dê nada a oseu animal que suspeite ter
este fruto.
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CASCAS DE BATATAS E TOMATES VERDES
A ingestão de fruta e vegetais como batatas e tomates (Solanum lycopersicum) em estado verde
pode causar problemas de saúde aos cães e gatos.
A tomatina, um alcalóide relacionado com a solanina, está em
elevada concentração na fruta e nas plantas novas/verdes, enquanto que nas
plantas maduras, a tomatina é metabolizada. Portanto, os tomates maduros têm
uma menor probabilidade de serem problemáticos para os animais que os verdes.
Os sinais clínicos podem incluir distúrbios gastrointestinais,
alterações cardíacas e ao nível do sistema nervoso central, por exemplo:
ataxia, fraqueza muscular e tremores, resultado da inibição das colinesterases.
Devido à fraca absorção da tomatina, os efeitos sistémicos são muito raros. A
gravidade dos sinais clínicos depende da quantidade que foi ingerida.
Geralmente o tratamento é sintomático e de suporte.
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FERMENTO E
MASSA DE LEVEDURA
O fermento presente em massas de bolos e pães pode causar a
produção e acumulação de gás no estomago do seu animal de estimação e
causar-lhe “inchaço” abdominal, gases e complicações digestivas. Lembre-se que
os animais não conseguem arrotar, por isso, não deixe o seu animal ingerir em cru
a massa de pão de fermento e/ou massa de levedura.
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LEITE E SEUS DERIVADOS
Os cães e gatos a partir de certa idade têm dificuldade em digerir
a lactose (o “açucar do leite”), por deficiência numa enzima, polo que o
consumo de leite, principalmente de vaca, leva a problemas de saúde.
Provoca alterações gastrointestinais como gases e diarreia. A
gravidade dos sintomas é muito variável, por exemplo, para alguns animais a
ingestão de uma pequena quantidade de leite provoca de imediato diarreia, para
outros a diarreia só surge após ingerirem uma quantidade maior, mas todos são sensíveis.
Quando o animal já apresenta diarreia por outra causa qualquer,
então é ianda mais importante não dar mesmo leite, porque o animal já tem a sua
capacidade digestiva reduzida e com isso irá prejudicar mais o seu estado de
saúde.
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SAL
O sal e as comidas ricas em sal são totalmente proibidas nos cães.
A longo prazo, o seu uso prolongado pode causar problemas cardíacos. Tome nota
que os enchidos, fiambres, quijos e outros produtos de charcutaria possuem por
vezes muitas quantidades de sal.
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CARNE, PEIXE E OVOS CRÚS
Tal como nas pessoas a ingestão de alimentos crus, especialmente
carnes, ovos e preixes, podem levar a graves problemas de saúde ao seu animal.
Podem conter bactérias como Salmonella,
e E. coli muito associadas a
gastroenterites, por vezes fatais.
Os ovos crus contêm uma enzima, a avidina, que impede a absorção de
uma vitamina do complexo B importante para a saúde da pele e do pêlo. Os ovos
cozidos já não possuem este perigo.
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OSSOS E ESPINHAS
Os cães comem ossos? Os gatos comem espinhas? Não. Só nos desenhos
animados é que isso acontece.
Os ossos, especialmente os de galinha, frango, pato, peru e de
coelho podem lascar-se, partir-se facilmente pelos dentes dos cães e gatos e
causar graves problemas de saúde. Podem provocar lacerações nas gengivas,
fracturas de dentes, obstrução das vias aéreas que podem sufocar o animal,
lacerações, obstruções e até perfurações do tracto gastrointestinal. A maioria
destes problemas são situações de urgência veterinária e requerem tratamento
cirúrgico.
Além disso, os ossos e espinhas não são digeridos e de nenhuma forma alimentam o seu animal.
Pelas graves consequências que causam À saúde e por não
satisfazerem nenhuma necessidade fisiológica para o seu animal não dê e evite
que ele tenha acesso a ossos, espinhas e a restos de comida que possam tê-los.
Pode oferecer ao seu cão, para se entreter e brincar, ossos longos
e duros não propensos a serem partidos ou ossos artificiais que são degradados
de forma lenta.
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APARAS DE GORDURA / COMIDAS RICAS EM GORDURA
Os alimentos ricos em gordura como as aparas, o bacon, a banha e
as comidas muito gordurosas podem causar problemas gastrointestinais e
inflamação do pâncreas (pancreatite). A pancreatite pode ser ligeira causando
desconforto abdominal, vómitos e diarreia, ou ser mais grave culminando numa
pancreatite aguda fatal.
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ALIMENTOS OU COMIDAS ESTRAGADAS / DO LIXO
Os alimentos estragados, apodrecidos ou do lixo contêm fungos e
bactérias que podem causar envenenamento alimentar ao seu cão e gato.
Muitos destes alimentos estragados têm um tipo de fungo
(vulgarmente conhecido como mofo) que produz toxinas, chamadas aflatoxinas, que
podem provocar vómitos, diarreia, tremores musculares, descoordenação motora,
febre, salivação excessiva e problemas no fígado.
Coloque sempre o lixo fora de casa e fora do
alcance do seu animal de estimação.
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DOCES E GOMAS
O consumo de doces, produtos açucarados e gomas provoca com
facilidade obesidade, diabetes mellitus e outras complicações para a saúde do
seu animal.
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XILITOL (PASTILHAS ELÁSTICAS, ADOÇANTES)
O xilitol (aditivo alimentar E967) é utilizado como adoçante
artificial, encontrado com muita frequência nas pastilhas elásticas, doces e
outros produtos sem açúcar. A indústria farmacêutica recorre também ao xilitol
para produzir colutórios e pastas de dentes.
Nas pessoas não causa grande problema, já nos cães pode ser
extremamente tóxico, dependendo da quantidade ingerida. Leva a uma libertação
massiva e rápida de insulina pelo pâncreas, e consecutivamente a uma crise de
hipoglicemia grave.
Causa falência hepática, vómitos, letargia, debilidade, descoordenação
motora, tremores, convulsões, icterícia, fezes negras, coma e morte. Os
sintomas podem começar a aparecer entre 30 minutos a 12 horas após a ingestão. Não
demore até que os sinais de insuficiência hepática sejam visíveis em alguns
dias, para o trazer ao médico veterinário.
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COMIDA DE
GATO – NOS CÃES
Os gatos são animais 100% carnívoros, em que a base de alimentação
é maioritariamente carne, enquanto nos cães, também carnívoros, o regime
alimentar aproxima-se um pouco mais dos omnívoros. Por causa disso, o alimento
comercial destinado a gatos tem um teor de proteína e gordura mais elevado que
o dos cães.
Certamente já reparou que o seu cão adora e prefere a comida de
gato que a própria. Isto acontece porque o excesso de gordura confere uma maior
palatabilidade e um sabor mais intenso à ração de gato. No entanto, se isto se
tornar um hábito alimentar diário, o seu cão irá ter de futuro problemas de
saúde como a obesidade, diabetes mellitus, pancreatite, diarreia crónica,
hepatite e insuficiência renal.
TOME NOTA:
- Esteja atento, não dê ao
seu animal e não deixe ao alcance dele estes alimentos.
- Assim que suspeite que o
seu animal ingeriu algum destes alimentos ou demonstre sinais de intoxicação,
leve-o rapidamente ao médico veterinário.
A rapidez com que o tratamento for iniciado é essencial para
evitar ao máximo a absorção destas substâncias pelo organismo, já que não há
antidoto especifico. Se a intoxicação for descoberta cedo, ainda pode ser possível
eliminar o alimento tóxico do organismo através do vómito e proteger o tracto
gastrointestinal da sua absorção. Quando os sinais clínicos se desenvolvem o
tratamento é de suporte.
O prognóstico é normalmente bom
se o animal for tratado atempadamente, mas, não se esqueça a melhor arma que
tem para que o seu animal não sofra intoxicação é a prevenção.
- Dê ao seu animal uma dieta saudável e balanceada e evite os “ mimos e
extras”.
É importante saber e escolher
bem a alimentação adequada ao seu animal de estimação para que ele viva uma
vida mais saudável e com certeza mais feliz. Idealmente deve dar ao seu animal
uma dieta saudável e equilibrada à base exclusivamente de ração comercial de
qualidade.
Lembre-se que de maneira
nenhuma, nos animais devem ser incentivados hábitos de comer com os seus donos,
como por exemplo mendigar comida à mesa e comer o mesmo tipo de comida (comida
caseira). Os animais têm necessidades nutricionais específicas e diferenciadas
das nossas e pedir à mesa é uma situação desagradável.
Ensine às crianças quais os alimentos
permitidos ou não e a não partilhar a comida com eles, quando estão a comer.
- Exercite regularmente o seu animal.
Faça visitas regulares ao médico
veterinário para controlo do peso do seu animal.
Escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP
4910)